O
trilho tem início na aldeia rural de Pincães, freguesia de Cabril, em
Montalegre, era um dos poucos lugares onde a produção de azeite fazia parte das
actividades agrícolas anuais. Os meses de Dezembro e Janeiro eram dedicados à
apanha e transformação de azeitona, este processo de fabrico do azeite de forma
tradicional, está integrada na área de ambiente rural do Parque Nacional Peneda
Gerês.
Tudo
preparado, mochilas às costas, começamos a caminhar pelo caminho de paralelos
que pouco mais à frente fica em terra batida aqui o caminho é regular mas tem a
sua acentuada subida que nos faz logo aquecer o corpo e acelerar a respiração
neste dia frio de Dezembro.
Á
medida que ascendíamos na montanha a paisagem montanhosa revela-se cada vez
mais mítica com as nuvens escuras que esconde o Sol e outras deixam espapar uns
raios que radiam por pouco tempo o vale do rio Cavado.
Caminhamos
pelo planalto em direcção (N) por 1,5km que dá para baixar o ritmo cardíaco da
subida anterior, mas por pouco tempo, pois voltamos á subida, agora por trilhos
dos pastores guiados pelas mariolas entre grandes penedos, prados e pelos Garranos
que desta vez deixaram-nos fotografar, neste percurso caminhamos 4km dos 710m
de altitude para os 1160m até ao planalto onde se encontra as Lagoas do Marinho.
Chegada
às lagoas do Marinho, aqui sentimos mais o frio, pois o céu está coberto de
nuvens negras, é um local ventoso que nos arrefece rapidamente que nos obriga
logo a caminhar, pela passagem pela lagoa de águas gélidas temos uma linda
imagem da lagoa e ao fundo a alta Serra do Gerês, tem manchas brancas da neve
acumulada do último nevão, que o nevoeiro esconde na maior parte do tempo que
tentamos fotografar. Com as mãos geladas e já com alguma fome seguimos o caminho
entre prados verdes até à Cabana do Penedão.
Ao
chegar à cabana fomos recebidos por dois montanhistas e os seus fiéis cães, estavam
a finalizar o almoço, em termo de conversa conta-nos a suas aventuras, tinham
lá pernoitado de uma caminhada pelo Curral da Lamalonga de dois dias e tem de regressar
a aldeia de Xertelo antes do anoitecer, foi uma rápida conversa que logo se puseram
a caminhar com as suas grandes mochilas.
Ficamos
nós sozinhos na cabana, os queimadores a ferver a todo gás com as marmitas para
aquecer as refeições pois o corpo já necessita desse calor e aconchegar estômago.
O espaço envolvente da cabana é linda e confortável e aconchegante, desde a
lareira, a grande mesa às cadeiras, posso dizer que nunca comi tão confortável
na montanha. Enquanto comemos olhamos lá para fora através da janela de madeira,
observamos o vento gélido que sopra por vezes forte, nós ali a desfrutar o café
quentinho a finalizar o tempo que nos resta, pois não é muito para voltarmos ao
caminho após de limpar e juntar tudo para nada ficar para trás.
Seguimos
o caminho de volta, deixamos para trás a cabana enquanto subimos a serra pelo
estradão, daqui vê-se como é um local bonito de contemplar os prados a Lagoa e
cabana ao fundo deste quadro paisagístico. Aqui a neve resiste nos pontos mais
sombrios da montanha, o frio permanente faz que lá se mantenha firme.
Estamos
a 1200m é o ponto mais alto desta caminhada, a partir daqui vamos descer até à
cota inicial dos 500m, mas até lá falta percorrer mais de 12km nesta bela
montanha. O trilho é de pé posto e por vezes em corta mato, pois não há caminho
definido, vamos orientados pelo GPS e por algumas pequenas mariolas que vão
marcando pontos na passagem.
No
miradouro das Portas do Abelheiro avistamos as aldeias de Xertelo, Azevedo e
Lapela que estão raiadas pelo fraco sol. Descemos e subimos pequenas serras passando
pelo “Fojo do Lobo” ou “Fojo do Sobreiro, sempre a caminhar em conta relógio do
sol que não pára de descer no horizonte, a caminhada aqui não está a render o pôr-do-sol
pois é uma escarpa e as passadas tem de ser bem calculada para não haver nada
mal.
Ao passarmos por Silha do Muro os nossos GPS indicam 5 minutos de luz
solar, parámos, e toca a preparar as lanternas para o crepúsculo que se
avizinha, em pouco minutos recebemos primeiras companhias do céu ao escurecer,
a Lua e Vénus lado a lado.
Preparados
para noite, avançamos e nos guiamos pelo trilho registado no GPS, é a
única maneira de seguirmos o trilho aqui já não fugimos à rota para explorar,
pois ainda faltam 2km e pleno mato da serra, atravessar os ribeiros com os
bastões a fazer de guias, ao olharmos um para os outros só vemos os pontos
brancos das lanternas, na chegada ao caminho florestal de início foi uma melhor
progressão no terreno até chegar ao ponto de partida, mas até lá ainda nos
alimentamos de uma boa árvore cheia de bons Medronhos que fez carregar as
energias.
Um trilho que considero difícil
nestas condições atmosféricas.
Álvaro Rego Pinto
PNPG – Pincães 04 de Dezembro
de 2016
Detalhes do trilho para o GPS:
Informação do Trilho: Não
Sinalizado
Dificuldade: Difícil
Equipamento GPS : Garmin
eTrex20
Companheiros: Álvaro Rego
Pinto e Maurício Lopes e Alexandra.
Sem comentários:
Enviar um comentário